Sérgio Sampaio – Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua (1973)

Ao contrário de outro notório capixaba nascido em Cachoeiro de Itapemirim, Sérgio Sampaio não adquiriu status de ídolo musical como Roberto Carlos, mas a fama de maldito. Adjetivo este que define um conjunto de artistas que não obtiveram sucesso na época que lançaram seus discos, mas que por baterem de frente com o convencional produziram obras a frente do seu tempo e acabaram por terem seu trabalho revisitados posteriormente. O primeiro passo na carreira de Sérgio, que largou seu trabalho de radialista em busca de sonho de ser cantor, aconteceu graças a Raul Seixas. Ele que abriu as portas para que a gravadora CBS descobrisse seu trabalho de compositor. Apesar da parceria consolidada, foi apenas em 1972, que Sampaio ao lançar o single “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, alcançou reconhecimento. Vendendo 500 mil cópias de um compacto que virou hino contra a censura e a perseguição da ditadura, recebeu o convite para lançar seu primeiro disco. O disco muito bem produzido por Raulzito, tem arranjos primorosos e instrumentistas de renome. Apostando numa mistura de samba, blues, chorinho e rock and roll, o que não falta são belas canções. Além da faixa-título, que traz um dos refrões mais cantados nos carnavais brasileiros, difícil não se emocionar com “Dona Maria de Lourdes”, canção composta em homenagem à sua mãe, a bem humorada “Cala a Boca, Zebedeu” e “Filme de Terror”, um rock ácido com dedilhados de guitarra e uma letra bem obscura. Esse é Sérgio Sampaio. Instrumentista, compositor e um artista que não teve medo de ousar.